quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UMA CARTA INESQUECÍVEL


Prezados, estive ausente por um tempo  e agora estou retornando com  uma linda cartinha elaborada por minha sobrinha Marília, a qual foi vencedora do primeiro prêmio do  concurso  Mundial dos Correios em 2005, quando tinha 14 anos de idade. 
"Querida Chapeuzinho Vermelho,
                 Espero que, quando esta carta repousar em suas pequeninas mãos, as palavras aqui expressem todo o afeto e toda a gratidão que tenho por você.

                Nosso primeiro contato aconteceu quando eu tinha seis anos de idade, não me lembro bem quem abriu as portas desse universo repleto de vida, alegria e finais felizes para mim. Talvez tenha sido minha mãe, talvez minha tia.

                Minhas recordações mais certas são as das viagens que eu fazia. Nem era preciso fechar os olhos e, num instante, meu pensamento guiava-me para longe, percorria distâncias incalculáveis, pisava terras jamais alcançadas pelo homem. Vivia envolta nas imagens, nas palavras  dos contos infantis que eram e ainda são meu refúgio, meu paraíso particular.

                De vez em quando, não sei se sonhava ou sentia a menina do chapéu vermelho juntando minhas mãos às suas, abrindo um doce sorriso e me levando junto consigo para a terra dos que veem estrelas de dia,  daquelas que, na mais repleta escuridão, enxergam a intensa luz que nunca há de apagar. E lá era o lugar ideal, onde todo sofrimento passava, qualquer doença por si mesma sarava e a guerra que começasse instantaneamente findava.

                Era tão bom acreditar na existência do mundo perfeito, ter a certeza de que, toda vez que desejasse, você viria me buscar, eu sairia da minha realidade e, juntas, iríamos passar pelos jardins dos sonhos, viver a fantasia de mil anos em alguns minutos.

                Essa capacidade de voar dentro de mim mesma, de transportar-me de qualquer situação na velocidade da luz, de criar as mais incríveis histórias, ou até mesmo de possuir no lugar do cérebro um baú lotado com os tesouros do imaginário, ajudou;me a descobrir o que havia além das palavras e ilustrações, as quais despertaram em mim uma das maiores habilidades que uma criança pode ter: a de deixar-se conduzir pelos caminhos intermináveis do saber, de explorar cada trecho da história, de envolver-se nela como alguém que mergulha em sua própria vida. Hoje, Chapeuzinho, aos quatorze anos, não tenho mais a mesma capacidade de sair flutuando no meu pensar.

                Queria tanto que minha mente voltasse a ter o peso e, ao mesmo tempo, a facilidade de voar de uma pluma.

                Mas não fique triste, minha doce menina, não pense que me esqueci de tudo que aprendi com você. Sei que a intenção dos adultos, ao gentilmente contar-me seu conto de fadas, foi fazer com que eu aprendesse a não falar com estranhos, a obedecer a minha mãe e a ajudar as pessoas. Só  que isso em tudo que é lugar se fala. Ninguém me ensinou a acreditar em meus sonhos, a reconhecer que eles são a única coisa a que tenho direito, e que de mim ninguém pode tirar.

                Creio que o mais importante, para uma criança e para um ser humano de qualquer idade, eu aprendi com você. Adquirir a aptidão de ir além de onde meus pés pisam e minha vista alcança, mais adiante, do limite que meu corpo aquentasse chegar.

                O que eu não consigo compreender é o motivo pelo qual este tempo de tão doce ilusão dura tão pouco. Por que só podemos crer nos contos de fadas durante a infância?

                Desejo muito conhecer a razão que levou o homem a criar tão perfeitas criaturas e seu mundo encantado, se não permanecem conosco pelo resto de nossas existências.

                Às vezes, Chapeuzinho, pergunto-me qual das partes sofre mais com a separação. Se é a criança, que amadurece, ou o personagem, que vai perdendo espaço em sua vida. Sinceramente tenho a impressão de que o lado mais sofrido é o do personagem, pois a criança o esquece, mas continua vivendo, e quem é esquecido faz parte do passado, é obrigado a retirar-se da vida de quem o cativou.

                Deve ser difícil aceitar a nobre condenação  imposta  a vocês pelos seus criadores. Ter de viver eternamente ao longo dos dias, das décadas  e dos séculos resistindo bravamente às transformações causadas pelo tempo, seguindo pelo planeta Terra afora, nascendo toda vez que sua história é contada, mas também morrendo quando, de repente, quem ouviu e se maravilhou com ela perde a crença e se esquece dos momentos mágicos que viveu enquanto acreditou.

                Eu lhe prometo, Chapeuzinho, nunca vou abandonar você como uma alegria das minhas  fantasias de menina. E, mesmo que eu cresça e passe por todas as mudanças que terei de passar, não tenha dúvidas de que você continuará sendo a minha melhor amiga dos contos de fadas.

                Vou admirá-la e gostar de você pelo resto dos meus dias, não com a ingenuidade de uma criança, mas com a maturidade de alguém que percebe que viver de imaginação  pode ser perigoso, mas viver sem ela é não estar aberto à magia que um simples conto de fadas insere em quem nele crê.

                Um beijo carinhosamente imaginado, recomendações  a sua mãe e à vovo.

                Até algum dia..."

Marília Silva de Moura.

5 comentários:

  1. Cari Sr Antonio, hoje tive o prazer de visitar o seu Blog e sem sombra de dúvidas, é um blog merecedor de elogios principalmente por trazer o conhecimento da palavra de Deus. Meus parabéns! Que Deus continue abençoando-o!

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  2. Olá Tham my, é um prazer muito grande te encontrar por aqui! Obrigada, viu! Um grande beijo!

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  3. Adorei muito do seu blog, depois dá uma olhadinha lá no meu? E se gostar, pode curtir ou seguir de volta?! Beijinhos...

    http://rosaachiiclete.blogspot.com.br/

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  4. A pedido da Administração da Parceria Blogueiras Unidas, estamos visitando os links que constam na lista e levando todos que estão postando o banner BU, a carteirinha e o selo das turmas que pertencem, para a reedição da lista, caso não esteja assim em seu blog, pedimos providenciar e

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  5. Só hoje consegui encontrar o seu blog, pois é minha seguidora já há muito tempo.Tudo de bom.
    António.

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Um Pouco Sobre Minha História de

Um Pouco Sobre Minha História de

Vida

Nascida de família simples do interior da Bahia, em 03 de outubro de 1955, dia da eleição para Presidente da Republica, Juscelino Kubitschek, justamente, no momento em que minha mãe estava à caminho do posto eleitoral, sentiu a dor do porto e por isso não pode votar. Sendo a primogenita dos seis filhos da minha mãe e a quinta do meu pai, sempre sonhava acordada desde a infância. E, a partir desses sonhos juvenis é que as coisas foram acontecendo. Aos 12 anos de idade, dormia escutando um radinho de pilhas buscando a frequência de Londres para aprender inglês dormindo, pois a curiosidade de como vivam as pessoas em outros países era imensa. Aprendi inglês com o método "natural approach". Não frequentei cursinhos de inglês e por digitar muito, melhor dizer "datilografar" a gramática inglesa, aumentei a facilidade na escrita. Morei na Califórnia por 5 anos, e assim ampliei meus conhecimentos da língua inglesa e posteriormente é que cursei Letras Vernáculas, óbvio que com Inglês. A minha primeira viagem foi à Africa, precisamente em Lagos-Nigéria, onde permaneci longos meses, longos, porque foi numa época de guerrilhas (estado de sítio) destruição de correios, morte de Charles Chaplin, a qual que ocorreu justamente numa data inesquecível, no dia de Natal, quando me encontrava, numa casa de mulçumanos. Além de todos estes acontecimentos, não poderia deixar de mencionar também o show de Bob Marley, quando apresentava seu novo disco (vinil) "Kaya" para seus "irmãos de cor". Havia precariedade de linhas telefônicas, e o meu contato com a familia, praticamente não existia, sendo motivo de muita preocupação para meus pais. Além destes acontecimentos, o "FESTAC 77" (Festival da cultura negra internacional) tomou conta do continente africano, onde todas as nações negras do mundo se reuniram como uma espécie de "proclame" pela conquista de suas independencias.
Realmente não poderia de deixar de mencionar sobre essa experiência que muitos, até mesmo da minha familia, não conhecem detalhes. Para mim, foi de suma importância viver esta experiência, pois, como baiana, sinto o coração bater a força destes batuques, cuja história vem muito mais além dos preconceitos e disputas religiosas atuais. Personagens da música popular brasileira estiveram presentes como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, dentre outros. Das apresentações, uma que se destacou para mim foi a de Bomba-Meu-Boi, por me fazer recordar a infância de um interior da Bahia, Jitaúna, onde o Bomba-Meu-Boi fazia parte da tradição folclórica. Sem sombra de dúvidas é um acervo histórico de muita importância para a nossa cultura. Casei-me pela primeira vez aos 18 anos, tenho duas filhas, dois netos e atualmente casada com italiano e vivemos entre a Itália e o Brasil. Trabalhei em diversas companhias e por último, em 1990, ingressei numa empresa multinacional na área de Recursos Humanos, permanecendo até minha aposentadoria em 2007. Por não exercer a minha profissão, propriamente dita " Professora", senti a necessidade de exercitar e compartilhar meus conhecimentos neste blog. Espero que agregue valor! Obrigada pela atenção!