quinta-feira, 17 de maio de 2012

FONOLOGIA E FONÉTICA



A face “significado” e a face “significante” da linguagem devem ser objeto de disciplinas diferentes. Eis porque o estudo dos sons, ou melhor, a ciência dos elementos do “significante” sempre formou uma seção particular da linguística, cuidadosamente separada do estudo dos sentidos. Mas o “significante” na língua è algo diferente do que é na fala. Por isso, convén instituir não apenas uma, mas duas “ciências da linguagem”, uma devendo ter por objeto o ato da fala, e a outra a língua. Seu objeto sendo diferente, estas duas ciências dos sons da linguagem devem empregar métodos de trabalho totalmente diferentes: a ciência dos sons da fala, cuidando de fenômenos físicos concretos, deve empregar os métodos da ciências naturais; a ciência dos sons da língua, deve ao contrário empregar métodos puramente linguísticos, psicológicos ou sociológicos. Daremos à ciência dos sons da fala o nome de fonética e a ciência dos sons da língua o nome de fonologia.

Não se diz tudo definindo a fonologia como ciência dos sons da língua, e a fonética como ciência dos sons da fala. A diferença existente entre as duas disciplinas deve ser apresentada mais a fundo e com pormenores.

Sendo o significante do ato da fala, um fenomeno natural isolado, uma cadeia sonora, a ciência que dele se ocupa deve empregar métodos das ciências naturais. Pode-se estudar seja o lado puramente físico, acústico da cadeia sonora, seja o lado fisiológico, articulatório, conforme se deseje examinar sua própria natureza ou seu modo de produção, duas tarefas que em realidade deveriam ser executadas ao mesmo tempo.

A única tarefa da fonética é de responder à pergunta: “ como se pronuncia isto ou aquilo?”. E não se pode responder a essa questão a não ser indicando com precisão, qual é o som de que foi dito (ou em termos físicos que tons parciais, que ondas sonoras, etc., apresenta o complexo fônico em questão) e como, isto é, por que trabalho do aparelho fonador este feito acústico é atingido. O som é um fenômeno físco peceptível pelo sentido da audição, e a fonética, estudando o lado acústico do ato da fala, etra em contato com a psicologia da percepção.

A articulação dos sons da linguagem é uma atividade semi-automática e portanto de direção central, regulada pela vontade; estudando o lado articulatório do ato da fala, a fonética entra em contato com a psicologia dos automatismos. Embora o da fonética resida em realidade no psíquico, os métodos da fonética são exatamente os da ciências naturais: de fato os domínios vizinhos da psicologia experimental empregam tamém os métodos das ciências naturais, pois tratam de atividades psíquicas, não elevadas, mas rudimentares. O que caracteriza particularmente a fonética é que nela está excluida toda a relação entre o complexo tônico estudado e a significação linguística. O treinamento especial, a educação da audição e do tato que um bom “foneticista de ouvido” deve adquirir consiste precisamente em habituar-se a escutar frases e palavras ou a palpar os órgãos durante sua articulação sem prestar atenção a seu sentido e não percebendo senão que seu lado fônico ou articulatório, como faria um estrangeiro que não compreedesse a língua em questão. A fonética pode pois ser definida: a ciência da fase material dos sons da linguagem.

O significante da língua consiste em uma quantidade de elementos cuja essência reside no fato de que eles se distinguem uns dos outros. Cada palavra deve distinguir-se por algo de todas as outras palavras, da mesma língua. Mas a língua só conhece um número limitado de tais meios de diferenciação e como este número é muito menor que o das palavras elas devem consistir em combinações de elementos de deferenciação (“marcas” segundo a terminologia de K. Buhler). Mas, por outro lado todas as combinações possíves de elementos de diferenciação não são admitidas.

Tais combinações são submetidas a regras pariculaes, diferentes para cada língua. A fonologia deve procurar que diferenças fônicas são ligadas, na língua estudada, as diferenças de significação, como os elementos de diferenciação (ou marcas) se comportam entre eles e segundo que regras podem combinar-se uns com os outros para formar palavras ou frases. É claro que essas tarefas não podem ser executadas através de métodos das ciências naturais. A fonologia deve empregar anes os métodos usados para estudar o sistema gramatical de uma língua.

Os sons da linguagem que a fonética deve estudar, possuem um grande número de particularidades acústicas e atriculatórias, que para o foneticista são todas importantes, pois apenas considerando todas essas particularidades é que ele pode rsponder de uma forma precisa à pergunta colocada pela pronúncia do som em foco. Mas, para o estudioso da fonologia, a maioria dessas particularidades são totalmente acessórias, pois elas só funcionam como marcas distintivas da palavras.

O estudioso da fonologia deve encarar o som enquanto ele preenche uma função determinada na língua.

A insistência sobra a função opõe-se de uma maneira cortante ao ponto de vista do feneticista que deve evitar cuidadosamente de considerar o sentido do que é dito (dizendo de outra forma – o sentido do significante). Isso impede de classificar a fonética e a fonologia sob a mesma rubrica, embora as duas ciências se ocupem de coisas semelhantes. Para retomar uma comparação esclarecedora de R Jakobson, a relação existente entre a fonologia e a fonética é a mesma que existe entre a economia nacional e o anuário do comércio ou entre a ciência financeira e a numismática.

Apesar da independencia, em princípio, de tais ciências, um certo contato entre fonologia e fonética é necessário e inevitável. Mas, são apenas os rudimentos, os elementos de descrição fonológicos e fonéticos que devem ser relacionados uns aos outros, e mesmo em tais limities é preciso limitar-se ao que é absolutamente indispensável.

Postagem complementar: http://snack.to/fu8agm9h

(traduzido do Cap. “Phonologie et Phonétique”
Troubetzkoy, N.S. - Prncipes de Phonologie. Trad. Par J. Cantineau.
Paris, Klincksieck, 1057 pat 3 – 12)



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Um Pouco Sobre Minha História de

Um Pouco Sobre Minha História de

Vida

Nascida de família simples do interior da Bahia, em 03 de outubro de 1955, dia da eleição para Presidente da Republica, Juscelino Kubitschek, justamente, no momento em que minha mãe estava à caminho do posto eleitoral, sentiu a dor do porto e por isso não pode votar. Sendo a primogenita dos seis filhos da minha mãe e a quinta do meu pai, sempre sonhava acordada desde a infância. E, a partir desses sonhos juvenis é que as coisas foram acontecendo. Aos 12 anos de idade, dormia escutando um radinho de pilhas buscando a frequência de Londres para aprender inglês dormindo, pois a curiosidade de como vivam as pessoas em outros países era imensa. Aprendi inglês com o método "natural approach". Não frequentei cursinhos de inglês e por digitar muito, melhor dizer "datilografar" a gramática inglesa, aumentei a facilidade na escrita. Morei na Califórnia por 5 anos, e assim ampliei meus conhecimentos da língua inglesa e posteriormente é que cursei Letras Vernáculas, óbvio que com Inglês. A minha primeira viagem foi à Africa, precisamente em Lagos-Nigéria, onde permaneci longos meses, longos, porque foi numa época de guerrilhas (estado de sítio) destruição de correios, morte de Charles Chaplin, a qual que ocorreu justamente numa data inesquecível, no dia de Natal, quando me encontrava, numa casa de mulçumanos. Além de todos estes acontecimentos, não poderia deixar de mencionar também o show de Bob Marley, quando apresentava seu novo disco (vinil) "Kaya" para seus "irmãos de cor". Havia precariedade de linhas telefônicas, e o meu contato com a familia, praticamente não existia, sendo motivo de muita preocupação para meus pais. Além destes acontecimentos, o "FESTAC 77" (Festival da cultura negra internacional) tomou conta do continente africano, onde todas as nações negras do mundo se reuniram como uma espécie de "proclame" pela conquista de suas independencias.
Realmente não poderia de deixar de mencionar sobre essa experiência que muitos, até mesmo da minha familia, não conhecem detalhes. Para mim, foi de suma importância viver esta experiência, pois, como baiana, sinto o coração bater a força destes batuques, cuja história vem muito mais além dos preconceitos e disputas religiosas atuais. Personagens da música popular brasileira estiveram presentes como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, dentre outros. Das apresentações, uma que se destacou para mim foi a de Bomba-Meu-Boi, por me fazer recordar a infância de um interior da Bahia, Jitaúna, onde o Bomba-Meu-Boi fazia parte da tradição folclórica. Sem sombra de dúvidas é um acervo histórico de muita importância para a nossa cultura. Casei-me pela primeira vez aos 18 anos, tenho duas filhas, dois netos e atualmente casada com italiano e vivemos entre a Itália e o Brasil. Trabalhei em diversas companhias e por último, em 1990, ingressei numa empresa multinacional na área de Recursos Humanos, permanecendo até minha aposentadoria em 2007. Por não exercer a minha profissão, propriamente dita " Professora", senti a necessidade de exercitar e compartilhar meus conhecimentos neste blog. Espero que agregue valor! Obrigada pela atenção!