Até que ponto são as diferenças de línguas, barreiras para a compreensão mútua? É possível e desejável uma língua universal? É aconselhável que governos de nações plurilíngues (como a Índia) tentem impor uma língua a todos os falantes coo nacional oficial? Em caso afirmativo, qual delas? Até que ponto membros de grupos minoritários e de classes baixas são prejudicados em seu progresso social e econômico por sua maneira de falar?
Não compete aqui dar respostas a todas essas difíceis questões. Mas qualquer pessoa interessada em encontrá-las não pode dispensar um conhecimento da linguagem.
Apesar da competição de superfície, existe um grande substrato de cooperação, aceito e admitido, que faz marchar o mundo. Em verdade, na realização de um simples programa de rádio, requer-se a coordenação de esforços de engenheiros, atores, músicos, companhias dos mais variados aparelhos, digitadores, diretores de programa, agentes de publicidade, escritores e centenas outros agentes. Contam-se por centenas de milhares de pessoas que cooperam na produção de automóveis - de montadores até fornecedores e remetentes de material de diferentes regiões do globo. Qualquer atividade organizada de comércio constitui um ato complexo de cooperação para o qual cada trabalhador individual contribui com o seu quinhão. Qualquer greve ou suspensão de trabalho é um recuo em face da cooperação, mas considera-se terem as coisas "voltado à normalidade" quando a cooperação se restabelece.
Como indivíduos, concorremos a empregos, mas conseguido, a nossa função consiste em contribuir, no tempo e lugar devidos, para aquela séria infinita de ações cooperativas que, eventualmente, serão o produto final da empresa. O que importa é o fato de que toda essa cooperação, indispensável ao bom funcionamento da sociedade, ser necessariamente conseguida mediante a linguagem, ou então, não ser absolutamente conseguida.
Em segundo lugar, uma compreensão da linguagem tem significação intelectual imensa, com importância direta ou indireta, para outras disciplinas. Os filósofos, por exemplo, preocupam-se muito com ela. Para uma melhor visão do homem, é importante saber se a linguagem é adquirida ou se é em grande parte inata, como discutem empiristas e racionalistas. Os racionalistas afirmam que as pessoas nascem com idéias inatas, que grande parte da organização psicológica é instalada no organismo e transmitida geneticamente. Os empiristas afirmam que as pessoas nascem, do ponto de vista psicológico, como uma lousa em branco e que a organização psicológica é determinada quase inteiramente pela experiência.
Os filósofos também se interessam pela linguagem como instrumento de análise filosófica. São as línguas humanas viáveis como veículos de investigação e teorias filosóficas? Pode o mau uso da linguagem ser responsável por erros filosóficos? Qual a relação entre linguagem e lógica?
Sendo a linguagem um fenômeno em grande parte mental, seu estudo é de grande interesse para a Psicologia. Qualquer teoria adequada da psicologia humana deve dar alguma explicação de nossos processos de pensamento, e, aí, a linguagem é de importância central porque a maioria deles assume forma linguística. Muitos, se não a maior parte de nossos conceitos recebem algum tipo de rótulo verbal. Assim, a relação entre linguagem e formação de conceitos interessa aos psicólogos. Ela também testa significativamente teorias de organização psicológica; as línguas são altamente estruturadas e podem ser descritas de forma consideravelmente detalhadas. Qualquer teoria da organização psicológica deve conciliar adequadamente os tipos de estruturas que sabemos serem características das línguas humanas
As outras ciências sociais também podem se beneficiar de um conhecimento sobre a linguagem. Sendo a estrutura de uma língua mais óbvia do que outros tipos de estruturas que interessam ao cientista social, ele poderá tirar bom proveito e seu estudo.
Suponho, mesmo que as traduções computadorizadas possuem programas sofisticados para organizar a estrutura linguística.
Os antropólogos precisam conhecer a língua de um povo para que a investigação de sua cultura seja mais proveitosa. Os missionários, em regiões não civilizadas, precisam de bastante conhecimento teórico e prático sobre a língua dos nativos que deve ser rápida e bem aprendida.
Finalmente, um estudo acurado sobre a língua é importante porque ninguém pode ser considerado realmente culto se não conhecer bem o funcionamento do instrumento de grande parte de sua instrução. Uma vez que a língua participa, virtualmente, das atividades humanas, um conhecimento a seu respeito não pode ser considerado periférico.
Um estudo profundo sobre a linguagem não precisa de outro argumento: para que uma pessoa se conheça e compreenda a si mesma, deve compreender a natureza do sistema linguístico que tem papel tao fundamental em sua vida mental e social. A linguagem precisa ser conhecida e compreendida porque ela está aqui presente, presente até mesmo em nossos sonhos enquanto dormimos. Ela é o mais fiel retrato de nosso espírito, de nossa mente.
Bibliografia:
Bibliografia:
- Hayakawa, S.I. - A Linguagem no Pensamento e na Ação - "As Funções da Linguagem"
- Langacker, Ronald W. - A Linguagem e sua Estrutura
Sou Bete nova nas Blogueiras Unidas, devagar conhecendo os blogs, estou encantada com tanta beleza, já sou sua seguidora , parabéns pelo blog, convido para uma visitinha no meu blog, vou ficar feliz.
ResponderExcluirabraços e um lindo dia
Oi Bete, foi um prazer receber sua mensagem! Obrigada pelos elogios! Um abraço.
ExcluirGostei demais da nova interface do blog! sucesso
ResponderExcluirObrigada Aise!
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