segunda-feira, 16 de abril de 2012

A LINGUAGEM É O MAIS FIEL RETRATO DE NOSSO ESPÍRITO, DE NOSSA MENTE

Vivemos numa sociedade altamente competitiva, onde cada qual procura superar seu próximo em riqueza, popularidade ou prestígio social quanto a vestuário, postos universitários ou governamentais. Nos veículos de comunicação  se nos deparam mais notícias de conflitos do que de cooperação - conflitos entre empresas rivais, entre religiões, entre partidos políticos, operários e empregador, povos e nações. Sobre nossas cabeças está ainda suspensa a ameaça constante de outra guerra, mas devastadora do que a última. Somos tentados a dizer, por conseguinte, que não a cooperação mas o conflito é grande princípio que rege a vida humana.

Até que ponto são as diferenças de línguas, barreiras para a compreensão mútua?  É possível e desejável uma língua universal? É aconselhável que governos de nações plurilíngues (como a Índia) tentem impor uma língua a todos os falantes coo nacional oficial?  Em caso afirmativo, qual delas?  Até que ponto membros de grupos minoritários e de classes baixas são prejudicados em seu progresso social e econômico por sua maneira de falar?

Não compete aqui dar respostas a todas essas difíceis questões. Mas qualquer pessoa interessada em encontrá-las não pode dispensar um conhecimento da linguagem.

Apesar da competição de superfície, existe um grande substrato de cooperação, aceito e admitido, que faz marchar o mundo. Em verdade, na realização de um simples programa de rádio, requer-se a coordenação de esforços de engenheiros, atores, músicos, companhias dos mais variados aparelhos, digitadores, diretores de programa, agentes de publicidade, escritores e centenas outros agentes. Contam-se por centenas de milhares de pessoas que cooperam na produção de automóveis - de montadores até fornecedores e remetentes de material de diferentes regiões do globo. Qualquer atividade organizada de comércio constitui um ato complexo de cooperação para o qual cada trabalhador individual contribui  com o seu quinhão. Qualquer greve ou suspensão de trabalho é um recuo em face da cooperação, mas considera-se terem as coisas "voltado à normalidade" quando a cooperação se restabelece.


Como indivíduos, concorremos a empregos, mas conseguido, a nossa função consiste em contribuir, no tempo e lugar devidos, para aquela séria infinita de ações cooperativas que, eventualmente, serão o produto final da empresa. O que importa é o fato de que toda essa cooperação, indispensável ao bom funcionamento da sociedade, ser necessariamente conseguida mediante a linguagem, ou então, não ser absolutamente conseguida.
Em segundo lugar, uma compreensão da linguagem tem significação intelectual imensa, com importância direta ou indireta, para outras disciplinas. Os filósofos, por exemplo, preocupam-se muito com ela. Para uma melhor visão do homem, é importante saber se a linguagem é adquirida ou se é em grande parte inata, como discutem empiristas e racionalistas. Os racionalistas afirmam que as pessoas nascem com idéias inatas, que grande parte da organização psicológica é instalada no organismo e transmitida geneticamente. Os empiristas afirmam que as pessoas nascem, do ponto de vista psicológico, como uma lousa em branco e que a organização psicológica é determinada quase inteiramente pela experiência.


Os filósofos também se interessam pela linguagem como instrumento de análise filosófica. São as línguas humanas viáveis como veículos de investigação e teorias filosóficas? Pode o mau uso da linguagem ser responsável por erros filosóficos? Qual a relação entre linguagem e lógica?
Sendo a linguagem um fenômeno em grande parte mental, seu estudo é de grande interesse para a Psicologia. Qualquer teoria adequada da psicologia humana deve dar alguma explicação de nossos processos de pensamento, e, aí, a linguagem é de importância central porque a maioria deles assume forma linguística. Muitos, se não a maior parte de nossos conceitos recebem algum tipo de rótulo verbal. Assim, a relação entre linguagem e formação de conceitos interessa aos psicólogos. Ela também testa significativamente teorias de organização psicológica; as línguas são altamente estruturadas e podem ser descritas de forma consideravelmente detalhadas. Qualquer teoria da organização psicológica deve conciliar adequadamente os tipos de estruturas que sabemos serem características das línguas humanas

As outras ciências sociais também podem se beneficiar de um conhecimento sobre a linguagem. Sendo a estrutura de uma língua  mais óbvia do que outros tipos de estruturas que interessam ao cientista social, ele poderá tirar bom proveito e seu estudo.
Em terceiro lugar, uma introdução à natureza da linguagem é importante para qualquer pessoa que se interesse por possíveis aplicações práticas dos resultados da investigação linguística. Uma profunda compreensão da linguagem é valiosa para quem ensina ou estuda uma língua, nativa ou não.

Suponho, mesmo que as traduções computadorizadas possuem programas sofisticados para organizar a estrutura linguística.

Os antropólogos precisam conhecer a língua de um povo para que a investigação de sua cultura seja mais proveitosa. Os missionários, em regiões não civilizadas, precisam de bastante conhecimento teórico e prático sobre a língua dos nativos que deve ser rápida e bem aprendida.

Finalmente, um estudo acurado sobre a língua é importante porque ninguém pode ser considerado realmente culto se não conhecer bem o funcionamento do instrumento de grande parte de sua instrução. Uma vez que a língua participa, virtualmente, das atividades humanas, um conhecimento a seu respeito não pode ser considerado periférico.

Um estudo profundo sobre a linguagem não precisa de outro argumento: para que uma pessoa se conheça e compreenda a si mesma, deve compreender a natureza do sistema linguístico que tem papel tao fundamental em sua vida mental e social. A linguagem precisa ser conhecida e compreendida porque ela está aqui presente, presente até mesmo em nossos sonhos enquanto dormimos. Ela é o mais fiel retrato de nosso espírito, de nossa mente.


Bibliografia:

  • Hayakawa, S.I. - A Linguagem no Pensamento e na Ação - "As Funções da Linguagem"
  • Langacker, Ronald W. - A Linguagem e sua Estrutura








4 comentários:

  1. Sou Bete nova nas Blogueiras Unidas, devagar conhecendo os blogs, estou encantada com tanta beleza, já sou sua seguidora , parabéns pelo blog, convido para uma visitinha no meu blog, vou ficar feliz.
    abraços e um lindo dia

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    1. Oi Bete, foi um prazer receber sua mensagem! Obrigada pelos elogios! Um abraço.

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  2. Gostei demais da nova interface do blog! sucesso

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Um Pouco Sobre Minha História de

Um Pouco Sobre Minha História de

Vida

Nascida de família simples do interior da Bahia, em 03 de outubro de 1955, dia da eleição para Presidente da Republica, Juscelino Kubitschek, justamente, no momento em que minha mãe estava à caminho do posto eleitoral, sentiu a dor do porto e por isso não pode votar. Sendo a primogenita dos seis filhos da minha mãe e a quinta do meu pai, sempre sonhava acordada desde a infância. E, a partir desses sonhos juvenis é que as coisas foram acontecendo. Aos 12 anos de idade, dormia escutando um radinho de pilhas buscando a frequência de Londres para aprender inglês dormindo, pois a curiosidade de como vivam as pessoas em outros países era imensa. Aprendi inglês com o método "natural approach". Não frequentei cursinhos de inglês e por digitar muito, melhor dizer "datilografar" a gramática inglesa, aumentei a facilidade na escrita. Morei na Califórnia por 5 anos, e assim ampliei meus conhecimentos da língua inglesa e posteriormente é que cursei Letras Vernáculas, óbvio que com Inglês. A minha primeira viagem foi à Africa, precisamente em Lagos-Nigéria, onde permaneci longos meses, longos, porque foi numa época de guerrilhas (estado de sítio) destruição de correios, morte de Charles Chaplin, a qual que ocorreu justamente numa data inesquecível, no dia de Natal, quando me encontrava, numa casa de mulçumanos. Além de todos estes acontecimentos, não poderia deixar de mencionar também o show de Bob Marley, quando apresentava seu novo disco (vinil) "Kaya" para seus "irmãos de cor". Havia precariedade de linhas telefônicas, e o meu contato com a familia, praticamente não existia, sendo motivo de muita preocupação para meus pais. Além destes acontecimentos, o "FESTAC 77" (Festival da cultura negra internacional) tomou conta do continente africano, onde todas as nações negras do mundo se reuniram como uma espécie de "proclame" pela conquista de suas independencias.
Realmente não poderia de deixar de mencionar sobre essa experiência que muitos, até mesmo da minha familia, não conhecem detalhes. Para mim, foi de suma importância viver esta experiência, pois, como baiana, sinto o coração bater a força destes batuques, cuja história vem muito mais além dos preconceitos e disputas religiosas atuais. Personagens da música popular brasileira estiveram presentes como: Gilberto Gil, Caetano Veloso, dentre outros. Das apresentações, uma que se destacou para mim foi a de Bomba-Meu-Boi, por me fazer recordar a infância de um interior da Bahia, Jitaúna, onde o Bomba-Meu-Boi fazia parte da tradição folclórica. Sem sombra de dúvidas é um acervo histórico de muita importância para a nossa cultura. Casei-me pela primeira vez aos 18 anos, tenho duas filhas, dois netos e atualmente casada com italiano e vivemos entre a Itália e o Brasil. Trabalhei em diversas companhias e por último, em 1990, ingressei numa empresa multinacional na área de Recursos Humanos, permanecendo até minha aposentadoria em 2007. Por não exercer a minha profissão, propriamente dita " Professora", senti a necessidade de exercitar e compartilhar meus conhecimentos neste blog. Espero que agregue valor! Obrigada pela atenção!